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Detonautas transforma sertanejo em blues e homenageia Chico Science em novo projeto
Foto: Instagram @detonautas
O Detonautas tem um EP novinho em todos os tocadores de música. Trata-se de “DVersões”, um projeto que reúne regravações de grandes clássicos, como “Um Sonhador”, imortalizada nas vozes de Leandro e Leonardo nos anos 1990, e “Samba Makossa” e “A Praieira” da Nação Zumbi.
De acordo com Tico Santa Cruz, o novo EP é um projeto que existia há algum tempo e ganhou ainda mais fôlego após um show dos caras no João Rock, que foi televisionado e, assim, mais gente pôde ver e ouvir a versão de “Um Sonhador”. Não deu outra, o público pediu a faixa nos streamings e a banda atendeu.
Foto: Divulgação
Em uma entrevista ao ROCKline, Tico detalhou um pouco mais sobre o processo de criação do “DVersões” e o que motivou a banda a oficializar esses covers em estúdio:
“Esse projeto ele já existia há algum tempo. A gente já tinha a intenção de gravá-lo desde a época do João Rock do ano passado, quando a gente tocou a versão de ‘Um Sonhador’ e muita gente pediu nos streamings. Quando a gente foi apresentar esse projeto pra Deck, eles entenderam que esse poderia ser um guarda-chuva de projetos do Detonautas que poderia se perpetuar ao longo dos anos, mas que a gente também precisaria de um conteúdo inédito. Como a gente ainda não tinha se movimentado de forma concreta pra fazer o conteúdo inédito, a gente entendeu que essa regravações poderiam dar esse suporte até ter o material inédito pronto. O EP é um oxigênio de ‘novidades’, entre aspas porque são regravações, pra que nossos fãs continuem conectados com a gente.”
A música carro-chefe do projeto é “Um Sonhador”, que na versão do Detonautas virou um blues e tem o cantor sertanejo Gustavo Mioto como colaborador. Tico contou que trabalhar na faixa foi bastante natural, mesmo ela sendo originalmente um clássico sertanejo. O mesmo se estende para a parceria com Mioto:
“O fato do Gustavo Mioto ser um artista do sertanejo é só uma questão de gênero. Transformamos a música num blues. A gente trouxe pra o nosso universo. O Detonautas não apenas tocou uma música sertaneja novamente em sertanejo. Pegamos uma música sertaneja, trouxemos um cantor bom de sertanejo e colocamos dentro do universo do rock, do blues no caso. Foi muito natural pra gente. A música tem por si só já traz essa sensação. Talvez os compositores já tinham bebido nesse lugar, mas os arranjos de Leandro e Leonardo eram obviamente voltados para o sertanejo, mas nitidamente é uma canção que não precisou de esforço nenhum para virar um blues.”
Tico continuou: “Essa música tem várias versões em diversos gêneros musicais e a gente conseguiu acessar uma sonoridade que tá dentro do universo do Detonautas. A dificuldade foi mesmo encontrar uma música dentro de uma infinidade de canções do cancioneiro brasileiro que pudesse nos caber. Esse foi o verdadeiro desafio.”
Foto: Instagram @detonautas
Homenagem a Chico Science com crianças do Maracatu Nação Erê
Quem também aparece na lista de colaboradores do novo projeto do Detonautas é o Maracatu Nação Erê, fundado em 1993 em Recife. O grupo é formado por crianças e adolescentes de 3 a 16 anos que perpetuam a cultura pernambucana e a tradição do maracatu.
O grupo serviu como uma luva para uma homenagem do Detonautas a Chico Science e a Nação Zumbi, registrada no Festival de Blues e Jazz de Recife e que está na tracklist de “DVersões”. Juntos, eles gravaram “Samba Makossa” e “A Praieira”. Sobre a parceria e a expansão estética e sonora do Detonautas nessas faixas, Tico disse:
Foto: Instagram @detonautas
“A nossa união com o Maracatu Nação Erê veio do fato que fomos convidados pra tocar no festival de Blues e Jazz de Recife e queriam que a gente fizesse uma homenagem a algum artista. Imediatamente a gente entendeu que a única homenagem que faria sentido era ao Chico Science e a Nação Zumbi. Giovanni Papaleo, que era um dos curadores do festival gostou da ideia. O Detonautas tem essa influência dos anos 1990 e do Chico Science de alguma maneira. No nosso primeiro disco isso fica muito claro, a influência de música nordestina, e o mangue beat estava muito presente naquela época, então já vinha ali, no DNA do Detonautas, de alguma maneira, mas nunca explicitamente como desta vez.”
Ele continuou:
“Eles (Maracatu Nação Erê) não ensaiaram com a gente, foi apenas a passagem de som. Foi uma experiência única, ficou incrível e mereceu esse registro. Fizemos a versão do Charlie Brown Jr. de ‘Samba Makossa’, que não é a original, então tem mais uma influência dentro desse caldeirão e funcionou muito bem. Eles trouxeram uma energia muito forte e inclusive fizemos questão de manter a introdução que eles fizeram para ‘A Praieira’ com um canto aos orixás. Isso faz todo sentido para a gente, essa mistura de gêneros brasileiros, mas também africanos e ancestrais.”
Futuro do projeto
Tico Santa Cruz confirmou ao ROCKline que o Detonautas tem mesmo a intenção de prologar o projeto “Dversões” com novas edições no futuro e ainda adiantou nomes de alguns artistas que ele gostaria de regravar:
“A gente tem a intenção ainda de lançar mais alguns volumes do ‘Dversões’. Eu acho que ele vai ser um guarda-chuva real que vai abrigar muitas versões que a gente pode fazer na medida em que a gente sentir essa necessidade. Lá no começo, nos anos 1990, a gente tocava muito Natiruts, tocava a Mascavo, que são artistas de reggae que podem vir numa próxima sessão do ‘Dversões’. Outras bandas de rock dos anos 1980 também, mas a gente também tem a ambição de tentar ir para lugares onde talvez a gente tenha passeado em algum momento, mas não mantivemos, como é o caso, por exemplo, que a gente tocou ‘Frevo Mulher’ (de Zé Ramalho) durante muito tempo no nosso repertório.”
Ele continuou: “A gente tocou no especial do Multishow uma canção do Caetano Veloso chamada ‘Tigresa’, a gente tem canções do Raul (Seixas), como ‘Sapato 36’, que é uma música que a gente já regravou e acabamos não colocando em nenhum lançamento oficial, mas que seria uma ótima opção de não beber só do óbvio. Tem outros artistas que eu gostaria de regravar também, como no caso do Fagner, Alceu Valença.”
Fonte: https://portalpopline.com.br/