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Elza Soares mata a fome de justiça social em show no Rock in Rio

♪ Rock in Rio 2019 – Elza Soares já representa uma entidade na música brasileira pela consagradora trajetória de vida.

Foi com esse status que a deusa mulher de 89 anos foi ovacionada logo que o nome da cantora carioca foi anunciado por Zé Ricardo na tarde de domingo, 29 de setembro, como segunda atração do Palco Sunset no Rock in Rio 2019.

Com a habitual valentia, Elza mostrou em primeira mão no festival o show baseado no recém-lançado 34º álbum da artista, Planeta fome (2018), em versão aparentemente reduzida, já que a apresentação nem chegou a completar uma hora de duração.

Elza Soares em cena no Palco Sunset do Rock in Rio 2019 com músicos do show 'Planeta fome' — Foto: Alexandre Durão / G1Elza Soares em cena no Palco Sunset do Rock in Rio 2019 com músicos do show 'Planeta fome' — Foto: Alexandre Durão / G1

Elza Soares em cena no Palco Sunset do Rock in Rio 2019 com músicos do show ‘Planeta fome’ — Foto: Alexandre Durão / G1

Orquestrado sob a batuta de Duda Maia, diretora do bem-sucedido musical Elza (2018), o show Planeta fome certamente vai saciar mais o público com os naturais ajustes e acréscimos que provavelmente serão feitos no decorrer da ainda inédita turnê.

Problemas de som (para a cantora) – “Quero mais som! Cadê meu som? O que fizeram com meu som?”, questionou Elza, do alto da cadeira em que fez o show sentada, após cantar Não tá mais de graça (Rafael Mike, 2019) com o autor dessa música – fizeram com que a performance da cantora no Rock in Rio 2019 ficasse abaixo das altas expectativas.

Os muitos convidados da apresentação foram aparecendo no Palco Sunset sem serem formalmente anunciados, mas com os nomes expostos no telão.

Elza Soares dá selinho em Jéssica Ellen durante o show da cantora carioca no Rock in Rio 2019 — Foto: Alexandre Durão / G1

Elza Soares dá selinho em Jéssica Ellen durante o show da cantora carioca no Rock in Rio 2019 — Foto: Alexandre Durão / G1

Jéssica Ellen foi a primeira a entrar em cena para, com Elza, saborear versão atualizada de A carne (Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti, 1998), conjugando no passado o verso-refrão, alterado para “A carne mais barata do mercado foi a carne negra”.

A carne foi a quinta música do roteiro aberto com Libertação (Russo Passapusso, 2019), número que se ressentiu da ausência do pancadão da BaianaSystem, banda que gravou a composição com Elza no álbum Planeta fome.

As Bahias e a Cozinha Mineira seduziram o público ao cair com a cantora no samba Se acaso você chegasse (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, 1938), música que Elza tomou para si há 60 anos com a singular bossa negra. A mulher da letra original do samba virou travesti no toque d’As Bahias, contribuindo para potencializar o engajamento do show.

A propósito, o discurso politizado de Elza pareceu ter mobilizado mais o público do que as músicas em si.

Cantado com a presença luminosa de Kevin Smith, o samba Maria da Vila Matilde (Douglas Germano, 2015) foi a deixa para Elza divulgar o telefone (180) que socorre mulheres vítimas da violência masculina e para proferir sentenças como “Machistas não passarão” e “Não é não” com a adesão do público que parecia saber que estava diante de uma senhora cantora, contemporânea o suficiente para encarar show feito no batidão eletrônico que dá tom quase uniforme a sambas e funks.

No fim, todos os convidados se reuniram com Elza no Palco Sunset para cantar o samba Volta por cima (Paulo Vanzolini, 1962), enfatizando a vitória dessa artista dura na queda que matou no show do Rock in Rio 2019 a insaciável fome de justiça social.
https://www.facebook.com/multishow/videos/3191668257540752/

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