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Justin Bieber luta contra rejeição geral com ‘Changes’, álbum de xarope R&B apaixonado

Ninguém está aqui para dizer que Justin Bieber não sabe cantar. Ele sabe. Desde os vídeos publicados no YouTube quando era criança, dava para ver que tinha talento ali.

Mas foi “Purpose”, álbum ruptura de 2015, que fez os anti botarem a mão na consciência (e no joelho, e dar uma abaixadinha ao som de “Sorry”).

“Changes”, lançado nesta sexta-feira (14), não tem as camadas de vozes e arranjos matadores do álbum anterior. Não tem também o talento bruto do começo de carreira. Agora, a dança é em câmera lenta.

O novo álbum do canadense de 25 anos é todo voltado para o R&B apaixonado. Faz lembrar os tempos em que Bieber fazia uma dancinha na pista de boliche, naquele clipe prestes a completar dez anos.

Só que a “Baby” da vez não é uma Belieber, como são chamadas as fãs dele. Quase todos os versos, melosos além da conta, são inspirados na modelo Hailey Baldwin, esposa do cantor.

Capa de 'Changes', quinto álbum de Justin Bieber — Foto: Divulgação

Capa de ‘Changes’, quinto álbum de Justin Bieber — Foto: Divulgação

Após sofrer com depressão e ser diagnosticado com a doença de Lyme, Bieber se apoia no amor (por Hailey e por Deus) para fazer o álbum mais sincero dele. E também o pior.

Bieber cancelou uma turnê em 2017 e resolveu descansar por um tempo. Foi quando passou a frequentar cada vez mais a igreja Hillsong.

A introspecção do ex-ídolo mirim aparece no jeito mais contido de cantar, na ausência de músicas dançantes e em escolhas como fazer um tributo para Tracy Chapman, na última música.

“At Least For Now”, segundo Justin, é inspirada na voz de “Fast Car” e outros hits da rádio Antena 1. A forma com que Bieber canta é tipo a dela: meio lenta, aerada. É um alívio quando os convidados cantam (Travis Scott, Post Malone, Quavo, Kehlani).

A produção mais minimalista confirma que toda essa suavidade é uma opção estética, não pura falta de vontade. A ficha técnica tem o nome de onze produtores, mas o comando é de Poo Bear, parceiro de Bieber desde 2013 e ouvido com Anitta na igualmente mansa “Will I see you”.

Versos melosos

Justin Bieber e Hailey Baldwin se casam em cerimônia nos EUA — Foto: Reprodução/InstagramJustin Bieber e Hailey Baldwin se casam em cerimônia nos EUA — Foto: Reprodução/Instagram

Justin Bieber e Hailey Baldwin se casam em cerimônia nos EUA — Foto: Reprodução/Instagram

As letras acompanham toda essa delicadeza. Bieber fala da chuva caindo enquanto gruda seus lábios com uma “suavidade agressiva” nos de sua parceira (“Habitual”).

“Quando você está perto de mim, me trate como você estivesse com saudades, mesmo estando comigo”, pede no refrão de “Come Around”.

Deixando de lado as descrições semieróticas sub-“50 tons de cinza” que dominam o disco, ele também enfileira piadinhas internas ruins no primeiro single, “Yummy”.

Para promover essa música terrível, de refrão bobo feito sob encomenda para dancinhas no TikTok, Justin publicou em suas redes sociais um guia ensinando seu fã-clube a burlar os serviços de streaming.

O objetivo era turbinar os números de audições, chegando ao topo. Não deu. E ele foi achincalhado pelos fãs de outros (e outras) popstars.

Não dá para forçar um viral e novas forças do pop como Lil Nas X, Roddy Ricch e Lizzo estão aí comprovando isso. Como marqueteiro, Justin mandou meio mal.

Como cantor, no que depender de “Changes”, também parece ter ficado aquém do esperado. Mas é bom saber que ele, após tantas dificuldades, encontrou um pouco de amor e paz. Tomara que essa estabilidade traga boas canções em um próximo lançamento.

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