Tudo começou em 1984 quando o músico irlandês Bob Geldof (que cantava no Boomtown Rats) ficou chocado ao ver uma matéria na BBC sobre a crise humanitária pela qual passava a Etiópia. As imagens ainda chocam. Eram milhares de homens, mulheres e crianças, literalmente, morrendo de fome vivendo em enormes campos. O tipo de cena que achávamos que jamais teríamos de ver em pleno século 20.
Geldof sentiu que alguma coisa precisava ser feita. O problema é que ele não era exatamente uma superestrela. Sendo assim, de nada adiantaria ele lançar uma música ou sair fazendo campanha. Sua primeira atitude foi chamar Midge Ure, o vocalista do Ultravox, para ajudá-lo.
O resultado desse encontro foi a canção “Do They Know It’s Christmas?“. A segunda foi usar uma entrevista na BBC para recrutar o maior número possível de estrelas para a causa.
Sua ideia era simples, todos cantariam a canção composta por ele e Ure e assim ela chamaria a atenção do público e renderia muito dinheiro para a caridade.
O apelo funcionou, e no dia 25 de novembro, uma verdadeira constelação do pop inglês estava reunida para gravar a canção. Boy George, George Michael, Sting, membros do Duran Duran, Phil Collins, um ainda pouco conhecido Bono e vários outros deram o melhor de si.
Três dias depois, o single do Band Aid (o nome da “banda”) estava nas lojas. O resultado foi o single mais vendido na história daquele país até então.
Veja o vídeo da canção:
Logo, o resto do planeta tomou conhecimento tanto dos problemas pelos quais os africanos estavam passando quanto dos esforços dos músicos ingleses.
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No começo do ano seguinte, Geldof se viu em um estúdio nos Estados Unidos cercado por gente como Michael Jackson, Bruce Springsteen, Ray Charles e Bob Dylan contando sobre suas experiências no continente africano. Todos esses músicos estavam lá para dar a sua contribuição na forma de outra canção emblemática: “We Are The World lançada pelo USA For Africa
Seguindo o exemplo, artistas de vários países fizeram canções com o mesmo objetivo. Mas era preciso coroar todo esse esforço. Foi quando Bob Geldof teve a ideia da “jukebox interplanetária”. Dois megaconcertos ocorrendo no mesmo dia nos Estados Unidos e na Inglaterra com as maiores estrelas do mundo da música. Tudo transmitido ao vivo e para todo o planeta (infelizmente no Brasil, a Globo optou por só mostrar os melhores momentos do show semanas depois do evento).
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E assim foi feito. Em 13 de julho de 1985, David Bowie, Elton John, The Who, Style Council, Sade, Bryan Ferry, Dire Straits, Sting e vários outros estavam no estádio de Wembley para um dia memorável.
O evento se mostrou importante também do ponto de vista musical. Primeiro por novamente unir várias gerações de músicos que desde o punk estavam separadas e por alguns grandes marcos.
Os irlandeses do U2 deram ali seu maior passo em sua escalada rumo ao topo, com uma performance inspiradíssima. O show do Queen, que anos depois foi eleito o melhor já ocorrido na Inglaterra também entrou para a história. O dia também foi marcado pela volta, um tanto desajeitada é fato, de Paul McCartney aos palcos após anos de ausência.
Nos EUA, o show aconteceu na Filadelfia e teve The Cars, Tom Petty, uma ainda novata Madonna (ao lado), Duran Duran, Beach Boys, Neil Young, uma volta de improviso do Led Zepellin e outra da formação original do Black Sabbath, o encontro de Mick Jagger e Tina Turner e alguns momentos de humor involuntário protagonizados por Bob Dylan se vendo obrigado a cantar sem conseguir se ouvir e ainda acompanhado pelos igualmente perdidos Keith Richards e Ron Wood dos Rolling Stones.
Phil Collins ainda protagonizou o grande truque da festa ao conseguir se apresentar nos dois concertos (graças ao fuso horário e o avião Concorde). O resultado, além de um dia inesquecível, foi uma renda de 283.6 milhões de dólares para a caridade.
Veja no vídeo abaixo a íntegra do show do Queen no Live Aid e feliz dia do rock!