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Sem ‘maturidade’, Melim faz o pop que se espera do trio no disco ‘Eu feat. você’

 

Resenha de álbum – Parte 1

Título: Eu feat. você

Artista: Melim

Gravadora: Universal Music

Cotação: * * 1/2

♪ Grande parte da ação de marketing arquitetada pela gravadora Universal Music para promover o segundo álbum de estúdio do Melim reside na ênfase da “maturidade” que teria sido atingida pelo trio fluminense Diogo Melim, Gabriela Melim e Rodrigo Melim na criação do disco Eu feat. você.

Até que não tão maduro assim. Produzido por Malibu com Bruno Cardoso e Lelê (da US3), o álbum já tem oito faixas postas em rotação na sexta-feira, 15 de maio. As sete músicas remanescentes somente serão lançadas no segundo semestre.

A julgar pela safra inicial do inédito repertório autoral, o Melim continua o mesmo, para o bem e para o mal. Houve, sim, maior investimento na produção do disco, gravado em Los Angeles (EUA) nos estúdios da gravadora norte-americana Capitol Records. A embalagem está mais caprichada, mas o conteúdo é basicamente o mesmo e vai contentar o público que se deixou derreter por canções como Gelo (2019), única das oito músicas do disco já previamente lançada em single.

Isso significa que o grupo oriundo de Niterói (RJ) continua espalhando boas vibrações pelo universo pop juvenil, catalisando a energia dos seguidores adolescentes. Em Relax, pop reggae composto pelo trio e gravado com o rapper Rael, a irradiação de positividade é inclusive o tema da música que, por isso mesmo, soa artificial, inclusive pelas frases feitas de letra pueril que contém versos como “O poder do amor vale mais que o ouro”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na canção que abre e batiza a primeira parte do disco, Eu feat. você, há também ânsia de forjar congraçamento universal com “corações no mesmo beat”. O refrão é pegajoso, mas, em 2020, o mundo definitivamente não está em clima de festa.

Se há algo que soa natural no Melim, e parece incrementado em algumas músicas do disco Eu feat. você, é a habilidade para criar canções melodiosas. Balada composta por Diogo Melim (com o irmão Rodrigo e com Vitor Tritom) para a filha Mel e gravada pelo trio com o reforço vocal de Lulu Santos, hitmaker de outra era do pop nacional, Cabelo de anjo traz o penteado perfeito para o pop superficial do século XXI.

O mérito é também dos produtores e arranjadores do disco (Guilherme Schwab, Juliano Moreira e o tecladista Rafael Castilhol), hábeis no entendimento de que a leveza deve reger o som do Melim. Os arranjos estão todos em sintonia com as músicas.

Parceria de Diogo com Rodrigo Melim, Menina de rua parece desafinar o coro contente ao lembrar a carência de crianças em mundo povoado por injustiça social. Só que, à medida que a música cai no suingue, o Melim dilui o tema ao encadear genéricos versos de autoajuda na letra.

A mesma superficialidade pauta Quem me viu, balada sobre superação que evolui no balanço do reggae. Composição de Gabriela Melim, solada pela cantora, Pega a visão reforça a sensação de que o disco do Melim perde poder melódico de sedução a partir da quarta faixa.

Fechando a primeira parte do segundo álbum de estúdio do trio, Cantando eu vou – parceria do Melim com Juliano Moreira – faz o disco Eu feat. você recair na cadência do reggae e na habitual good vibe do grupo com a adesão vocal do cantor baiano Saulo Fernandes.

Enfim, é bobagem crucificar o Melim por fazer no disco exatamente o som que se espera do trio (com menção honrosa, dentro do estilo, para as três primeiras músicas), mas também é tolo acreditar na tese de “maturidade” dos irmãos. Até porque, de boas intenções e energias, o inferno do universo pop continua cheio…

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